Nossa principal preocupação foi aprender o máximo possível num curto espaço de tempo.
Vale novamente mencionar nosso skipper, Mané da Brava, que soube mesclar paciência e cobrança nesse nosso aprendizado inicial.
Começamos fazendo velejadas em St. Vincent e por lá ancoramos em Bequia, Blue Lagoon e Wallallibou (onde foi gravado o filme Piratas do Caribe). Estávamos aos poucos nos habituando com a vida à bordo e ao mesmo tempo começando a sentir e a conhecer o Bonanza.
Em seguida passamos por St. Lucia, até chegarmos em Martinica, esta foi uma travessia dura, ventos e rajadas fortes, uma delas batendo algo em torno de 50 nós (mais de 90 km/h), muita chuva e ondas grandes.
Exigiu frieza e nos fez respeitar ainda mais o mar e a natureza. Além da nossas energias, nos custou um remendo na vela grande (feito no dia seguinte num sailmaker local).
Assim que chegamos no canal para entrarmos em Martinica, final de tarde, o alternador parou de mandar energia ao banco de baterias, e logo em seguida começou a vazar água do reservatório do motor, causando um superaquecimento e muita fumaça. Parecia que um incêndio estava prestes a acontecer. Um novo momento de estresse à bordo, ainda estávamos sob o efeito da porrada que havíamos pego horas atrás, quando nos deparamos com essa situação adversa, e para piorar, sem a vela grande (rasgada), sem motor, apenas com a jib içada e sem vento para manobrar dos navios e ferries que trafegavam no canal a toda velocidade. Já era noite quando ancoramos em Martinica, só com a jib, dando motor apenas na última manobra, cansados, mas como diz o capitão, nada é por acaso, tudo na vida tem um propósito. No dia seguinte, enquanto a vela grande era costurada fazíamos a manutenção no motor e alternador. Com "tudo certo" rumamos norte para Antigua, passando antes por outras duas travessias, Dominica e em seguida Guadaloupe. Ancoramos em Guadaloupe após uma velejada tranquila e dia lindo, descansamos e nos preparamos para a próxima velejada, iríamos nos encontrar com a Neiva e Tom em Antigua, momento tão esperado. Em virtude de vento forte e ondas grandes não conseguimos chegar em nosso próximo destino, foram necessárias três tentativas, muita paciência e esforço por parte da tripulação.
Aprendemos que não se deve ter vergonha em dar meia volta, afinal nada é mais valioso do que nossas vidas, e que também não se agenda compromissos quando se está navegando. Nessa nossa nova rotina de vida não existe dia de semana ou final de semana, o calendário nosso de cada dia é ditado pelas forças da natureza.
Enfim em Antigua, os novos membros da tripulação vieram à bordo.
Velejamos por duas horas e fizemos uma parada em Deep Bay, para recarregarmos as energias. Lindo lugar!!!
No dia seguinte continuamos até nosso destino final neste primeiro momento da viagem, rumo à St. Maarten/ Sint Martin.
A última velejada com o Mané, e o nosso primeiro overnight (parabéns tripulação). Como é extraordinário velejar com o céu estrelado e admirar o rastro incandescente que o barco deixa no mar. Mais um momento inesquecível. Ancoramos em Simpson Bay, lado holandês, em 29/11/2014, 14 dias de velejadas, uma manhã ensolarada, uma nova etapa se iniciaria.
Agora é a hora de fazermos os reparos e melhorias necessárias no barco para continuarmos nossa viagem e realizarmos nosso sonho de dar a volta ao mundo de veleiro.
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