A viagem foi sonhada e
planejada pelo capitão da embarcação Ricardo
Takeuti.
Nos incluímos nesse sonho (tripulação)
e decidimos realizar essa expedição em família.
Pensamos em mil
maneiras de como escrever sobre a expedição e quais
razões dela acontecer.
Decidimos (tripulação)
entrevistar o capitão, usando as mesmas perguntas que amigos e
familiares nos tem feito ao longo dos últimos meses. Segue a
entrevista na íntegra:
Em que época
da sua vida você teve a vontade de velejar?
Sempre gostei do
mar, me lembro que desde criança eu gostava de ir a praia e já
na adolescência eu pensava em um dia ter um veleiro. A primeira
vez que tive vontade de velejar foi na época em que fui para
Ubatuba, em 1979, e vi os veleiros no Saco da Ribeira. Nessa época
eu praticava mergulho livre, pesca submarina, e já lia muitos
artigos relacionados às atividades no mar.
Como surgiu essa
vontade? Teve influência de alguém?
A vontade
transformou-se em desejo em um passeio de escuna no Rio de Janeiro.
Lembro do por do sol no mar e, quando entramos na baía da
Guanabara, já era noite de lua cheia. Foi um momento especial,
inesquecível. Não tive influência de ninguém
na vontade de velejar, mas ao ler o primeiro livro do Aleixo Belov, A
Volta ao Mundo em Solitário, surgiu a vontade de dar a volta
ao mundo em um veleiro.
Por que de veleiro?
Penso que é
uma opção de vida mais simples, ter um contato mais
próximo da natureza e os seus elementos, apenas com o que é
essencial, viajando de acordo com as condições ideais
de tempo, sem o compromisso com horários de chegada ou de
partida.
O que te motivou a
fazer essa viagem agora, considerando que sua carreira profissional
estava em ascensão?
Nada é por
acaso e tudo na vida acontece no tempo certo. Há exatamente
dez anos atrás, aos 47 anos de idade, eu estava desempregado,
apenas fazendo um trabalho temporário, morava de aluguel, não
tinha carro e mal conseguia pagar as contas, ou seja, as perspectivas
não eram nada promissoras, principalmente considerando a minha
idade. A motivação de dedicar o meu tempo para a
realização de um sonho, deixando a carreira
profissional em um plano secundário, foi a idade e os sinais
que a vida me deu, lembrando que havia chegado o tempo de realizar o
sonho.
Como foi definido o
roteiro?
O roteiro foi
definido a partir dos livros que li, conhecendo as experiências
de outros velejadores de cruzeiro, a partir de uma rota natural para
quem navega nas latitudes próximas ao equador terrestre e as
temporadas propícias para cruzar os oceanos.
E o capitão
finalizou com as palavras abaixo:
Independente dos nossos
planos, o universo sempre irá nos testar e colocar a prova
nossa determinação em realizar os nossos sonhos.
Durante o nosso caminho, muitas coisas podem dar certo ou dar errado,
podemos acertar ou errar nas nossas escolhas. Na vida, sempre existe
a possibilidade de ganharmos ou perdermos com as nossas decisões.
Algumas pessoas têm medo de perder diante do risco e não
se arriscam, outras enfrentam o risco pois têm a vontade de
vencer. O importante é não nos arrependermos e sermos
felizes com as nossas escolhas. O tempo é relativo, não
sabemos o que irá acontecer no futuro e o futuro é
agora, está acontecendo nesse exato momento. A única
certeza é que o nosso tempo pode ser interrompido a qualquer
instante.